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Conteúdo de   Anonymus :: 

Simplicidade na cozinha é o requinte supremo!

20/10/2017 09:28     17/01/2018 16:01

Em tempos de anorexia, médicos e cientistas garantem: não há dieta melhor para a saúde do que arroz, feijão, salada e bife. A segunda surpresa é que essa combinação simples de alimentos brasileiros emagrece: além das virtudes para a saúde em geral, o nosso cardápio de boteco vem ganhando atenção dos médicos e cientistas como a melhor dieta para quem quer perder ou manter peso. Anonymus Gourmet, muito antes dessa novidade, com sua inclinação pelo popular, gostava de saborear um bom feijão mexido servido em porcelanas de Limoges. A combinação de arroz, feijão, salada e bife é tão adequada, que, algum tempo atrás, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabiologia chegou a lançar uma campanha:
“Vamos salvar o nosso arroz com feijão”.
Segundo os cientistas, a alimentação dos brasileiros está ameaçada por uma enxurrada de comidas e práticas alimentares estranhas, que se dividem entre escolhas que engordam demais, como o famigerado “xis”, ou, no outro extremo, privações para emagrecer que podem levar à morte. Essa inesperada vitória do arroz e feijão é um triunfo da simplicidade. Ao contrário do que se pensa, a simplicidade na cozinha não é pobreza, mas sim o requinte supremo. Essa foi uma espécie de bandeira defendida por um jornalista e cozinheiro, gordo e sorridente, que não canso de lembrar porque foi o primeiro que escreveu sobre as boas mesas da França: Maurice Edmond Sailland, que se tornou célebre pelo pseudônimo de Curnonsky. Ele conciliou a elegância com a simplicidade.

Anonymus Gourmet acredita que os franceses têm uma paixão secreta pela aristocracia, mas a mesa deles é republicana. Essa inesperada conciliação entre a monarquia e a voz das ruas ocorreu em 1927, quando uma revista de Paris promoveu uma enquete popular para escolher o “Príncipe dos Gastrônomos da França”, e o príncipe escolhido pelo voto direto, por larga margem de votos, foi justamente Curnonsky. O livro de receitas que ele escreveu se tornou um clássico, saudado como “uma antologia plena de sabores e aromas, tão sedutora quanto um conto das Mil e uma Noites. Ainda hoje é atual e útil, com receitas que mais parecem partituras de pequenas sinfonias, reunindo simplicidade, harmonia e sensações inesperadas. A primeira frase do livro é uma síntese do que virá: “Faça o simples!” A cada uma das 730 páginas seguintes, as descobertas vão se acumulando: peixe ao molho de tomates, omelete de pão frito, frango gratinado com batata palha acebolada... A surpresa vem da combinação engenhosa de ingredientes comuns do nosso dia a dia. De certa forma, Curnonsky nos oferece o arroz com feijão da alta cozinha. Nada pode ser mais saboroso e mais republicano.


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