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Conteúdo de   Anonymus :: Almôndegas imensas

Entre os versos,

11/09/2017 12:25     11/09/2017 12:26

Tive a certeza de que os homens passam, mas os bares permanecem para sempre, algum tempo atrás, ao encontrar o Milton Terepinski na beira do mar, em Arroio Teixeira. Certa época, ele foi um dos responsáveis pela excelência do Bar do Artur, um lugar que, – gosto de lembrar e relembrar – por tantos anos sobreviveu aos fundadores, aos donos ocasionais, aos bons e maus garçons e à inconstância dos frequentadores. Nas mesas de impecáveis toalhas quadriculadas, ancoraram aflições, esperanças, triunfos e desventuras de muitos de nós. Até pouco tempo atrás ainda restavam, na sombra do viaduto da Alberto Bins, vagos vestígios do prédio onde tantas vezes mudamos o mundo, entrincheirados em bolachas de chope. Mas, ainda que seja como vaga recordação, o velho bar não morre: esses dias informei com ar solene ao Alarico que, bem ali, por trás daquelas paredes rotas era servido o melhor chope da cidade... Em copos de cristal! E viajei em silêncio na memória dos projetos extraordinários, paixões definitivas e aflições intransponíveis de outras décadas. Estão lá, cuidadosamente salvas pela imaginação, arrumadas como sempre estiveram, as mesmas cadeiras, as velhas mesas, as paredes de lambris de jacarandá, o chope na pressão, as comidinhas... Por certo que, do lado de fora das velhas e elegantes portas de madeira escura, com vidros de cristal e cortininhas, tudo mudou, e quase tudo foi esquecido. Quantas vezes estacionei ali na frente o Fiat 147... O Grêmio foi campeão da América, do mundo e da Série B, caíram o Muro de Berlim e muitas de nossas ilusões, o Fidel morreu, não esqueci a cor dos teus olhos, mas o verso antecipatório que eu declamava ganhou inevitável atualidade: “Sou restos de um menino que passou, rastos erradios de um caminho que não vai e nem volta, e que circunda a escuridão como os braços de um moinho…” Entre os versos aterrissavam o sanduíche aberto, as almôndegas imensas do tamanho avantajado de um bife (Gebacktes Rinderschnitzel) o Hackepeter (bife de carne crua moída que trazia à mesa ecos do velho Rembrandt), e o Sulze, (delicada
gelatina de joelho de porco). Ainda ouço ecos de vozes remotas, lembro os olhos azuis cheios de lágrimas, as antigas certezas e, sobretudo, as nossas encantadoras causas perdidas.


Lombinho coroado

Ingredientes

• 1 lombinho de porco
• ½ copo de molho shoyu
• 2 copos de suco de laranja
• 2 copos de vinho tinto
• 2 copos de caldo de legumes
• 200g de bacon
• 200g de queijo fatiado
• 3 colheres de massa de tomate
• 3 colheres de farinha de trigo
• 1 cebola picada

Modo de preparo

• Limpe a peça de lombinho de porco, retirando o excesso de gordura e tempere com sal, pimenta e molho shoyu.
• Alguns minutos depois de temperar, passe o lombinho na farinha de trigo, cobrindo completamente. Reserve.
• Leve ao fogo uma panela ampla com três colheres de azeite. Cuidado para não queimar o azeite: a ideia é apenas aquecer.
• Quando o azeite estiver quente, leve o lombinho à panela. Frite bem, dourando-o uniformemente.
• Depois de dourada a carne, acrescente a cebola picada para fritar levemente, cuidando para não queimar.
• Adicione a seguir a massa de tomate, o suco de laranja, o caldo de legumes e o vinho. Tampe a panela e deixe cozinhar cerca de 1 hora, em fogo baixo.
• Vire o lombinho para que fique dourado de todos os lados.
• A carne vai ficar macia e o molho espesso, escuro e atraente.
• Quando o lombinho estiver pronto, retire-o da panela, reservando o molho.
• Corte o lombinho em fendas transversais, sem separar as fatias. Em cada fenda, coloque uma fatia de queijo e uma de bacon.
• Arrume tudo numa assadeira, derrame molho por cima e leve ao forno até derreter um pouco o queijo e o bacon. Está pronto!

DICA DO ANONYMUS - O inverno fez uma desfeita aos nossos agasalhos, aos pratos copiosos, aos vinhos tintos encorpados. Rumo à primavera, tivemos poucos dias e noites em que o minuano rugia nas frinchas. O Lombinho Coroado é o ideal para noites de inverno, mas também brilha nos almoços e jantares descansados da primavera, onde se pode abrir uma boa garrafa de tinto nas noites de frio tardio ou talvez um vinho branco refrescado para um almoço ensolarado de domingo. O efeito visual deste prato é incontornável.

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